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SOBRE

APRESENTAÇÃO

 

            Kwagalana – histórias de um príncipe negro é um espetáculo da Amadores S/A trupe teatral voltado para o público infanto juvenil. Utilizando-se de diversas técnicas teatrais como bonecos, máscaras e brincadeiras inspirados na cultura africana, a peça busca reconstituir tradições relacionadas à identidade cultural negra, reafirmando a sua grande importância na construção da identidade brasileira.

O espetáculo surge da vivência da autora, diretora e atriz do espetáculo, Daniele Zamorano, como professora de teatro da rede municipal do Rio de Janeiro e seu intenso contato com crianças e jovens afrodescendentes. Kwagalana aborda de forma lúdica e crítica questões como ancestralidade, escravidão e o imaginário infantil africano.

 

 

KWAGALANA (nome próprio masculino de origem Suaíli utilizado na região do Quênia- Tanzânia) = AMOR FRATERNO

 

 

 

JUSTIFICATIVA

 

        O projeto surgiu do desejo de despertar nas crianças e jovens brasileiros afrodescendentes (e por que não nos adultos também?) a consciência de seu valor enquanto descendentes de uma população que traz uma herança cultural riquíssima e uma forma de organização política e social muito bem estruturada. Existe nas entrelinhas do espetáculo o imenso desejo de resgatar a autoestima de crianças e jovens de pele negra e deixar claro que, mesmo com a pele clara, é inegável a participação de sangue africano em nossas veias. Independentemente da cor de nossa pele, todos somos, direta ou indiretamente “filhos da África”.

Em um país tão diversificado como o nosso, fruto de uma mistura inter-racial intensa, sentimos até hoje os efeitos da dominação europeia sobre as outras culturas. Percebemos que os padrões europeus continuam atropelando as diferenças: os contos de fadas, em sua maioria, apresentam-se sob esta ótica, com princesas e príncipes de pele bem clara, loiros de olhos claros. As referências de beleza, força, sucesso estão cada vez mais distantes destas crianças e adolescentes de pele negra, cabelos crespos, religiões de matriz africana ou que ainda conservam costumes relativos aos seus grupos étnicos. A criança negra tem muita dificuldade em se perceber como uma criança esteticamente bonita, uma vez que, em linhas gerais, ela não se parece com o que a sua sociedade julga como belo. Existe também uma forte influência de um fundamentalismo religioso rico em preconceitos, que tenta apagar os rastros de culturas extremamente importantes para nossa identidade sob um errôneo argumento religioso.

Através de recursos cênicos tentamos reconstruir a riqueza da cultura africana através de suas histórias, lendas, brincadeiras e brinquedos. Tudo isto para apresentar a história de vida de Kwagalana, um jovem príncipe de uma tribo africana que teve sua trajetória interrompida pelo tráfico negreiro.

A questão da escravidão é abordada de forma consciente e clara no espetáculo sem deixar de ser lúdica e rica em mecanismos cênicos para diluir a seriedade do tema, sem deixar de permitir que a criança perceba o quão gratuito, doloroso e injusto foi este processo histórico.

Mais do que entreter, o espetáculo busca conscientizar, provocar, instigar, fazer pensar, ratificando e legitimando o valor, importância e riqueza da cultura africana e da figura do negro.

 

 

 

OBJETIVO

 

            É através de Kwagalana que buscamos resgatar a autoestima das crianças afrodescendentes em um mundo onde os padrões estão voltados para a cultura do "branco".  E, acima de tudo, desejamos estimular o respeito diante das diferenças; sejam elas de ordem religiosa, cultural, histórica, geográfica ou racial.

            Utilizando o teatro como ferramenta desejamos auxiliar os meninos e meninas, adolescentes, homens e mulheres afrodescentes em seu processo de revalorização e aceitação de sua herança africana para o resgate de sua identidade cultural coletiva.

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